terça-feira, 16 de outubro de 2018

A vida é injusta?

"A vida não é justa.  É tentador acreditar que o governo pode consertar aquilo que a natureza criou. Mas também é importante reconhecer que nos beneficiamos muito da injustiça que deploramos. Não é nem um pouco injusto que (...) Muhammad Ali tenha nascido com o talento que o transformou em um grande boxeador (...) é certamente injusto que Muhammad Ali seja capaz de ganhar milhões de dólares em uma só noite. Mas não teria sido ainda mais injusto para as pessoas que gostavam de vê-lo lutar se, em nome de um ideal abstrato de igualdade, Muhammad não pudesse ganhar em uma luta (...) mas que o trabalhador não qualificado da base da pirâmide recebe por uma jornada no cais do porto?"

Trecho extraído do livro "A justiça como equidade" de JOHN RAWLS.

Quer sua teoria de justiça tenha ou venha ser aceita ou não, ela representa a proposta mais convincente de uma sociedade equânime já produzida pela filosofia política americana.

Recomendo a leitura. 

sábado, 2 de janeiro de 2016

Sermões do Padre Antônio Viera

Faltando 8 dias para o vestibular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS, conclui o estudo no que se refere as leituras obrigatórias 2016. Gostei de todas as obras, especialmente O Amor de Pedro por João (Tabajara Ruas) e Terras do Sem Fim (Jorge Amado), mas sem dúvidas a que mais me surpreendeu foi os Sermões do Padre Antônio Vieira, pois a primeira impressão que tive ao ler o título, em completa ignorância, é que seria um monte de fanfarronice cristã.
Mal podia imaginar o quão errada estava. A começar por quem foi o Padre Antônio Vieira, um homem a frente do seu tempo tanto que se tornou o escritor mais importante do Barroco brasileiro. Nasceu em Lisboa e morou um tempo no Brasil, onde defendeu a liberdade dos índios e dos judeus, motivo pelo qual entrou em conflito com os barões do café e posteriormente peso pela Inquisição. Foi excêntrico até em sua morte, pois morreu com 89 anos, idade extremamente avançada para os padrões da época.
O objetivo desse texto é sintetizar os pontos de cada um dos três sermões que li.

I- Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as de Holanda (1640)
Neste sermão Padre Antônio questiona Deus e até mesmo o ameça, citando exemplos bíblicos para fundamentar sua tese. Ele sustentar que não só precisamos do perdão de Deus como Deus precisa nos perdoar, pois talvez possa precisar de nós em lutas na terra. Notem a forma como se posiciona no seguinte fragmento:

"Abrasai, destruí, consumi-nos a todos, mas pode ser que algum dia queiras espanhóis e portugueses e que não acheis"

Para um padre que viveu no século XVIII é no mínimo curioso a forma como conduzia seus sermões.

II- Sermão da Sexagésima (1655)
Aqui ele questiona porque antigamente convertiam-se milhões e hoje ninguém se o Deus é o mesmo? A resposta é simples: a forma como se semeia a semente da palavra de Deus. Inclusive, essa metáfora é usada durante todo o sermão.
Padre Antônio sustenta que a houve um apostilamento da Palavra, onde os pregadores falam 40 assuntos em uma hora. O que está errado, já que os ouvintes se cansam e nada é aproveitado. É melhor falar sobre um assunto em 40 dias, do que 40 assuntos em 1 horas.
Segue a baixo um trecho que mostra a genialidade e o domínio que o autor possuía das palavras. Neste, ele afirma que as pessoas assimilam muito mais o que vêem ao que escutam. Analogicamente aos dias de hoje "longe dos olhos, longe do coração" ou "o que os olhos não veem, o coração não sente".

"A razão disto é porque as palavras ouvem-se, as obras vêem-se; as palavras entram pelos ouvidos, as obras entram pelos olhos, e a nossa alma rende-se muito mais pelos olhos que pelos ouvidos. No Céu ninguém há que não ame a Deus, nem possa deixar de o amar. Na terra há tão poucos que o amem, todos o ofendem. Deus não é o mesmo, e tão digno de ser amado no Céu e na Terra? Pois como no Céu obriga e necessita a todos a o amarem, e na terra não? A razão é porque Deus no Céu é Deus visto; Deus na terra é Deus ouvido".

III - Sermão de Santo Antônio aos Peixes (1654)
Sem dúvidas o mais surpreendente, visto que jamais outro Padre fez algo semelhante, imaginem, um sermão aos peixes?
Ao longo do sermão são feitos louvores e repressões aos peixes. Entre tantas coisas que poderiam ser faladas aqui, escolhi duas: o fato dos peixes serem os únicos animais da Terra que não podem ser domesticados, se referindo a qualidade, e a ousadia dos peixes voadores que tem todo o mar e mesmo assim querem o ar, sobre os defeitos.

"Falando dos peixes, Aristóteles diz que só eles, entre todos os animais, se não domam nem domesticam. Dos animais terrestres o cão é tão doméstico, o cavalo tão sujeito, o boi tão serviçal, o bugio tão amigo ou tão lisonjeiro, e até os leões e os tigres com arte e benefícios se amansam. Dos animais do ar, afora aquelas aves que se criam e vivem connosco, o papagaio nos fala, o rouxinol nos canta, o açor nos ajuda e nos recreia; e até as grandes aves de rapina, encolhendo as unhas, reconhecem a mão de quem recebem o sustento. Os peixes, pelo contrário, lá se vivem nos seus mares e rios, lá se mergulham nos seus pegos, lá se escondem nas suas grutas, e não há nenhum tão grande que se fie do homem, nem tão pequeno que não fuja dele".


"Dizei-me, voadores, não vos fez Deus para peixes? Pois porque vos meteis a ser aves?"



Sobre o segundo fragmento a compreensão é muito simples, visto que quem tudo quer, com nada fica.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Para criar é preciso ler!

Inúmeras foram às vezes com que nos deparamos com situações que fizeram brotar o desejo de simplesmente fugir da realidade. Não é anormal sentirmos isso, inclusive, há muitos casos de pessoas com problemas envolvendo álcool e drogas que foram motivadas ao uso destes, pelo desejo dessa fuga. Apresento-lhes a maneira mais sensacional de fugir da realidade: o hábito da leitura.
Com exceção dos privilegiados pela sorte, a grande maioria dos brasileiros tende a trabalhar ao mesmo tempo em que estudam, e por vezes, ainda cuidar da família. A responsabilidade com deveres e horários, preocupações com as contas que chegam a cada mês sem atrasos, desavenças cotidianas e outros contratempos que eventualmente aparecem, acabam sobrecarregando o estado mental e espiritual das pessoas, que não só podem como devem procurar fazer alguma coisa a respeito para manter a qualidade de vida.
A leitura vem a calhar. Além de excelente ferramenta de lazer e distração, ela nos proporciona uma nova forma de ver as coisas, outro ângulo, que talvez, ajude à tornar as coisas mais simples.
De certo, quem começa a ler, jamais perde o habito, pois se torna uma espécie de terapia, que acalma, relaxa, ajuda e modela nosso modo de ser. Triste são as pessoas que sem ao menos ter tentado ler, afirmam que não gostam de leitura, prendendo-se assim, a um comodismo, e até mesmo a ignorância.
O avanço da tecnologia acaba roubando a atenção que os livros merecem. O incentivo a leitura é primordial para uma pátria bem educada e criativa, como diria Manuel de Barros, “não sou da informática, sou a invencionática”, e para criar, é preciso ler.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Perseguição e Cerco a Juvêncio Gutierrez

Depois daquela noite nunca mais vi Mirta del Sol. Ifigênia tinha razão. Temos o coração em pedaços. Inconscientemente, somos caçadores desses pedaços, buscando refazer o antigo desenho. Um dia vou achar os pedaços do meu corão fragmentado. Adivinho como ele será: guerreiro, destinado a violência e a misteriosa tristeza. Será a memória daqueles dias da fonteira, à beira do rio. Serão os verões, os invernos, a canoa deslizando junto a barranca. A lembrança desses dias será uma pérola, perfeita como o segredo de Juvêncio Gutierrez criara para si, e ficará guardada num cofre fechado na memória. Alguma vez, porém, quando me sentir encurralado pela mediocridade do mundo, e for insuportável sua feiúra, e a solidão apertar com mais força suas garras, permitirei que o cofre se abra lentamente. Dominado por sensação idêntica à de velho monge aproximando-se da sabedoria, então contemplarei a pérola, imaginando, trêmulo, obstinado, esperançoso, o mistério de sua beleza, sempre deslumbrante.

Trecho retirado do livro de TABAJARA RUAS, gaúcho e um dos maiores escritores brasileiros, uma verdadeira obra-prima. Feliz é aquele que tem a sabedoria de escolher bons livros.

sexta-feira, 7 de março de 2014

1 ano sem Chorão


Ontem completou um ano que o céu azul, não é mais tão azul. Quando penso no Chorão, parece que estou me referindo a um amigo que andava de skate comigo, me aconselhando sempre que precisava, e sinceramente, Chorão me aconselhava em todos os momentos da minha vida, e até hoje é assim, quando erro, lembro que "não deixar que a vida passe em vão, sem que eu possa errar também”, que nada é “tão complicado de mais, mas nem tão simples assim” e que “Se você não faz com a vida a vida faz com você”.
Quanto as minhas decepções, lembro que “molduras boas não salvam quadros ruins”, “quem é de verdade sabe quem é de mentira”, “um homem de verdade não se faz só com palavras” e “as flores são bonitas em qualquer lugar do mundo”.
Já que “os homens podem falar, mas os anjos podem voar”, espero que agora, tu estejas voando, sobre esse lugar azul, “cor da parede da casa de Deus”, enquanto todos os teus fãs, estarão aqui nos “dias de luta, dias de glória”, sempre lembrando a “nem ganhar, nem perder, mas procurar evoluir”, sabendo que “o que se leva dessa vida é o que se vive, o que se faz” e tendo a certeza de que “intelecto de cu, é rola!”.
Pois é meu amigo, "mesmo os mais fortes às vezes não encontram uma saída" e tu, “deixou nego na saudade”, mas se perpetuou para todo o sempre em nossos corações, já que “só o que é bom, dura tempo o bastante pra se tornar inesquecível”, não lamento mais por tu ter ido pra esse “novo mundo”, fico contente por eu ter feito parte da geração Charlie Bronw Jr, a maior banda do mundo, e tu, Chorão, meu maior ídolo pra sempre, só espero que esteja em paz, “sei que vou te encontrar” um dia, porque “só o amor constrói pontes indestrutíveis”.
Charlie Brown amor eterno, Charlie Brown de pai pra filho.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

3 Anos de blog

Olá, é com imensa alegria que comemoro hoje 3 anos de blog. Se tem alguém que conhece este desde o início percebeu a metamorfose ambulante que sou. As vezes, fico lendo minhas postagens antigas, e em partes já não penso mais assim, porém é um pedaço de mim, um pedaço da minha história.
Aproveito também a data, para agradecer pelo voto que recebi na Câmara de Vereadores de São Gabriel, pelo dia do Blog, em especial, a Vereadora Neca Bragança pela inciativa. Muito obrigada.
Sabe, andei me machucando mês retrasado, mais precisamente em 26 de julho, quebrei o pé e passei pelo mês mais difícil da minha vida.
Comecei agosto com gesso até o joelho, e com uma auto-estima lá embaixo, como se nunca mais fosse me recuperar, como se a insatisfação com toda aquela situação fosse me levar aos trilhos do trêm e esperar que passasse em cima de mim.
Foi tão complicado precisar da minha família pra tudo, não conseguir me servir na hora do almoço, não conseguir arrumar a cama, não conseguir andar e principalmente, não poder treinar (sendo que já estava inscrita em um campeonato de jiu jitsu).
Hoje, fazem dois dias que tirei o gesso, e me sinto tão cheia de esperança e motivação. Não estou completamente recuperada, ainda não posso treinar e andar normalmente, comecei as fisioterapias e já na primeira cessão já me sinto melhor.
Vendo as coisas de outros olhos, vejo como fui injusta comigo e com todos que estão próximos a mim, meu Deus, porque reclamamos tanto? Eu só quebrei um ossinho do pé, que ao total de 3 mês estarei recuperada e completamente normal. 



quarta-feira, 5 de junho de 2013

Surf na calçada


O Skate é um esporte que começou na Califórnia nos anos 60 e desde então, não parou mais,  chegou ao Brasil, popularizou-se e foi mudando vidas, porém apesar de ser um esporte como qualquer outro ainda há gente com preconceito com os skatistas.
Os surfistas Californianos entediados em função da maré baixa e a seca na região em 1960, decidiram que precisavam de um meio para poder “surfar no asfalto” criando assim o Skate, que inicialmente chamou-se de sidewalk surf e a ideia era fazer na rua, o que eles executavam nas ondas. Alguns anos depois, o esporte chegou ao Brasil nas ruas do Rio de Janeiro e São Paulo, logo na década de 70 popularizou-se para o interior e fez mais sucesso ainda.
Enganou-se quem pensou que era impossível praticar o skate quem tem alguma deficiência física, mesmo sendo um esporte radical, não há nada que com força de vontade não se consiga. Um caso de superação que é levado como motivação e exemplo pra muitos, é o jovem Ítalo Romano, que teve as pernas amputadas em um acidente quando tinha apenas 11 anos de idade. Hoje com 22, achou no skate uma forma de viver, tanto que ano passado foi convidado pelo programa O Caldeirão do Huck a ir na casa de Bob Burnquist que é pentacampeão da Megarrampa para um desafio: descer a megarrampa montada na casa de Bob. Aceitou o desafio e na terceira tentativa realizou com tanto sucesso que foi elogiado por Burnquist.
Quem anda de skate sabe que nem tudo é positivo, e a parte negativa vem das pessoas que não andam, que não conhecem e que não entende o skate. Muita gente taxa os skatistas como marginais ou drogados, esquecendo-se que drogas podem existir em qualquer meio social e se existe no skate, provavelmente existe sim, assim como existe no futebol, na música e em vários outros lugares. O que as pessoas tem que entender é que não se pode generalizar as coisas. Skate não é fácil, há um grau de dificuldade enorme para andar, mas tem pessoas com facilidade que sonha em ser competidor e mostrar ao mundo que sabe andar, dedicando-se assim só para o esporte, as vezes deixando de trabalhar para andar fazendo-se assim vulnerável a essas críticas.
Tudo que acreditamos é possível, imagine um homem sem as pernas andar de skate e pessoas reclamando por terem de acordar cedo. A vida é muito mais que julgar os outros sem conhecer, não há mais espaço pra preconceito, temos que evoluir nossa mente.